Minha Irmã é o representante da Suíça no Oscar 2021 de Filme internacional. Assim como nosso Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, de Bárbara Paz, ficou fora da lista de 15 pré-finalistas, o que não diminui em nada seu valor. É muito bonito e conversa principalmente com o público feminino. A protagonista, Lisa (Nina Ross, Fênix), acaba de doar a medula para o irmão gêmeo, Sven (Lars Eidinger), que está com câncer. Os dois nasceram e cresceram em Berlim, às voltas com a dramaturgia, ela como escritora, ele como ator.
Após a operação, Lisa pretende deixar Sven aos cuidados da mãe (Marthe Keller), porque precisa voltar à Suíça, onde mora com o casal de filhos pequenos e o marido (Jeans Albinus), diretor de uma escola de elite em Lausanne. Não rola. A matriarca é uma viúva acumuladora, desregrada e se mostra pouco disposta a recebê-lo. Resumo da ópera: Lisa leva o irmão para sua casa e o encaixa na rotina da família. O que a dupla de roteiristas e diretoras Stéphanie Chuat e Véronique Reymond observam com sua câmera é a protagonista assumir diversos papéis, simultaneamente.
Ela é a força do irmão fragilizado, que se mantém vivo pela esperança de voltar a interpretar Hamlet nos palcos. É a mãe protetora e dedicada de dois filhotes cheios de energia. E também a esposa que vence o cansaço do dia a dia para acompanhar o marido em eventos sociais do trabalho dele. Quem não aparece em nenhum palco é a Lisa escritora, que não tem tempo para si mesma e vê suas aspirações artísticas tolhidas pelas necessidades alheias. Essa mulher polvo abraça e acolhe, mas não é abraçada nem acolhida.
As cineastas não diminuem o peso das costas da personagem, que se movimenta freneticamente talvez para não se ver forçada a encarar a complicada realidade que se desenha no horizonte. Claro que uma hora ela desaba, e se permite chorar em uma cena dura e linda. Que rearranjo Lisa terá de fazer para incluir o seu projeto pessoal na equação? É o que o espectador vai acompanhar atento, vidrado nas ações dessa figura tão autêntica, universal e atemporal. Nina Ross é monumental.
Trailer
Ficha Técnica
Título: Minha Irmã/Schwesterlein
Direção: Stéphanie Chuat, Véronique Reymond
Duração: 99 minutos
País de Produção/Ano: Suíça, 2020
Elenco: Nina Hoss, Lars Eidinger, Marthe Keller, Thomas Ostermeier, Jens Albinus
Distribuição: A2 Filmes
Comentar
Comentários (0)