True Detective: Terra Noturna

True Detective fez barulho em 2014, com média de 11,2 milhões de espectadores por episódio. Desde a aclamada Band of Brothers (2001), uma série original da HBO não tinha acolhida dessa magnitude. Não à toa, o criador, Nic Pizzolatto, recebeu sinal verde para transformar a minissérie policial em antologia. Protagonistas da original, Matthew McConaughey e Woody Harrelson assinam como produtores-executivos e, dez anos e três temporadas depois, escalam ninguém menos que Jodie Foster, parceira de McConaughey em Contato (1997), para estrelar a quarta rodada.

Os seis episódios de True Detective: Terra Noturna estão disponíveis na HBO Max, e o subtítulo faz referência ao período de escuridão no norte Alasca, quando o sol não sobe acima do horizonte. A trama começa em 17 de dezembro, início da temporada sombria na fictícia cidade de Ennis, e vai até a virada do ano. A misteriosa morte de um grupo de pesquisadores de um laboratório isolado tira o foco dos preparativos natalinos.

O bizarro estado dos corpos congelados será o ponto de partida da investigação liderada por Liz Danvers (Jodie Foster), que une forças com o jovem policial Peter Prior (Finn Bennett) e a parruda Evangeline Navarro (Kali Reis). Essa última defende que o caso está relacionado ao assassinato - ainda sem solução - de uma jovem nativa e ativista, que acusava uma mineradora de contaminar a água da região. A comunidade de esquimós, que se comunica na língua inupiaque, injeta larga dose de misticismo em um enredo que se costura entre a ciência forense e a paranormalidade.

True Detective: Terra Noturna dá bons sustos, tem sexo à vontade e um cuidado em esmiuçar a vida privada dos personagens principais. Não são poucos os dramas abordados, entre eles luto, saúde mental e, como não poderia faltar, complicadas relações familiares. Houve quem criticasse o desfecho, que não entrega soluções fáceis, mas que são fiéis ao clima sinistro que se constrói desde o início. É verdade, contudo, que a quarta temporada peca pela lentidão e deve muito à sua protagonista.

Parece haver um esforço em conjunto para alcançar o nível dramático de Jodie Foster. Vencedora do Oscar por Acusados (1988) e O Silêncio dos Inocentes (1991), a atriz derrapou nas escolhas na primeira década dos anos 2000 e ficou na marcha lenta até 2021, quando saiu da toca em O Mauritano, que lhe valeu o Globo de Ouro de coadjuvante. Aos 61 anos, Jodie volta ao topo com nova indicação ao Oscar, como coadjuvante de Annette Bening em Nyad, produção da Netflix. Meryl Streep que se cuide...

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